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Vale a pena reproduzir o que olhar crítico de Rafael Weiss viu da melhor de todas as edições do Ilhota Rock Festival.
Ilhota “Róque” Festival 2011
Não é nenhuma novidade que festivais e movimentos rock and roll tem mais força no interior do que nas grandes cidades do litoral, como a nossa capital do estado. Exemplos não faltam. Nos anos 1990 o Curupira Rock Club, em Guaramirim, o Tschumistock em Rio do Sul, os festivais rock and roll do Vale do Itajaí e por ai vai. Há 07 anos uma cidade entre Itajaí e Blumenau faz um festival com bandas independentes que dá o que falar. O Ilhota Rock Festival nasceu bem precário neste período, mas nunca perdeu o espírito de liberdade e rock and roll independente. Um dos idealizadores, Altair Hope, fala que hoje, em 2011, o Ilhota Rock Festival atingiu o seu auge, pois foi ofertado de graça ao público e ocorreu em praça pública.
Essa mesma praça, em frente e com apoio da Prefeitura Municipal, foi o palco desta edição do festival que trouxe seis bandas catarinenses e uma do Paraná para mostrar o trabalho alternativo para o público local e o público que se deslocou até a SC 470 para ver o festival. Dialison Vitti, da coordenadoria de assuntos da juventude da cidade, foi nosso anfitrião (e que recepção rapazis) e junto com o Clube do Rock (sim, eles tem um clube organizado rock and roll por lá), organizou uma bela noite rock em praça pública.
A Etílicos & Sedentos, de Brusque, foi a primeira a subir no palco. A van trouxe junto a dupla Buda Petermann e Pio Cummings, do programa Doberro, que garantiam boas e engraçadíssimas entrevistas no meio róque presente no festival. A banda foi a primeira a abrir o festival, mesmo atrasada, a E&S garantiu um repertório recheado de sons de seus discos.
Após o show do Etílicos & Sedentos, foi a vez da banda Marujo Cogumelo, lá de Xanxerê, dona de dois belos videos lançados em 2010 e de muito burburinho em torno do quinteto. Até então não tinha visto nenhum show, apenas ouvido o disco Jardim das Américas. O show da Marujo Cogumelo foi um dos primeiros pontos altos da noite. Kássio Canan, vocalista e frontman do grupo, estava inspiradíssimo e as músicas Boa Viagem e Nova Manhã, canções título dos dois videoclipes dirigidos pelo Marcelo Brahma, se mostram bem no teste ao vivo, bom, pelo menos pra mim.
Já pratas da casa, a Página em Branco, meio Balneário Camboriú, meio Ilhota, mostrou que o som pop rock tem ampla possibilidade de não ser massante ou modinha. Quando assistimos as gravadoras apelarem para emos e coloridos de meia tijela, a gente tem sensação que essa galera das grandes labels não tem ouvidos ou querem mostrar que seu público é otário. O vocalista Ricardo tem uma boa voz e uma excelente presença de palco (quem já viu esse cara cantar músicas do Audioslave sabe do que falo). O negócio mesmo é a Páginas em Branco catar um lugar ao sol neste cenário nefasto, mas já adianto, infelizmente a coisa não vai acontecer sentado a bunda em SC…
A primeira banda a subir para seu show foi a Motel Overdose, mas antes devo falar de um 47 que tá lá nos 48 e é um dos caras mais bacanas do róque catarina hoje. Marquinhos Espíndola. Esse cidadão merece vários aplausos pelo conjunto da obra. Ame ou odeie ele (assim como eu né), o Marquinhos é um dos grandes incentivadores dessa porra toda. Ele e seu Rubens Herbst lá no AN. Felipe Batata (o cara do brinco natural), Leonardo Kothe e Márcio Bicaco, um dos powertrios catarinenses que estão apavorando, tocaram o terror róque em Ilhota. Ok, vamos exagerar um pouco, a história musical do Ilhota Rock Festival vai ter que escrever nos seus capítulos a história antes e depois do Motel Overdose. Um show demolidor, com Felipe Batata empolgadão e cada vez mais rockstar de penhasco. Márcio Bicaco sempre preciso e a técnica de L.Kothe no baixo fazendo aquela cozinha do caralho. Falando em caralho. Leandro Fama não faltou, já tá virando hino.
A Last Tape de Curitiba foi em seguida, ainda com aquele público meio zonzo de Motel Overdose. Bom, a Last Tape foi aquela banda que não precisava tocar no Ilhota. Eu vi eles tocando numa noite fria em Floripa no mês passado, foi melhor do que no Ilhota. A banda não estava no clima, não estava ligada, não estava tocando bem, acho que não estavam nem em Ilhota, ficaram ali no trevo da 101. Uma pena.
O terceiro e por fim, derradeiro momento mais rock and roll da noite foi protagonizada pela banda O Mar de Quirino, de Florianópolis. Jogados para se apresentarem lá na finaleira da noite (ainda tem Helvéticos e já falo deles), O Mar de Quirino, mesmo antes de começar, já apavorava, com o vocalista, o inglês Bob Williams, usando o microfone do palco para fazer um discurso que ninguém entendeu. Isso ocorreu enquanto a banda montava o equipamento. Ai, como se via que os integrantes estavam pilhados para fazer um show, doidos para alegrar a galera, a banda começou uma base instrumental de seu primeiro número no Ilhota Rock Festival. A coisa tava ficando quente, quando Bob Williams começou a abrir a boca pra cantar, logo se percebeu que o garoto não estava em Ilhota, muito menos neste planeta. Cambaleando para lá e para cá, gritando palavras sem nexo e usando o seu mic sem fio para batuque (deixando os caras da técnica putos da vida), o vocalista foi conquistando a platéia (já bem pra lá de Badgá) e mostrando que estar bêbado e cambaleante também é rock. Ainda na primeira música, lá pelas tantas, Williams se desequilibra e cai entre a bateria e um inocente amplificador Fender Ultimate Chorus, que tava lá berrando sozinho, sem incomodar ninguém. A queda semi desmontou a bateria e o Fender voou longe. Fim da festa, bom, fim do show para o Mar de Quirino. O promotor Dialison e um dos técnicos de som subiram ao palco e soltaram o cartão vermelho para o Mar de Quirino, expulsos no primeiro lance e nem era assim uma falta para cartão vermelho, de repente um amarelo. O ato falho da banda foi motivo para a galera acordar e lá no backstage, felizes ficaram os Helvéticos, que não precisaram mais esperar para tocar lá pelas 04h.
A banda de Bombinhas ficou por último e por último ficaram uns gatos pingados. O show da Helvéticos é sempre quente. O trio se comporta bem ao palco. Uma atrás da outra a banda destilou suas músicas próprias e no meio, uns covers (também deveriam receber cartãozinho vermelho seu Dialison, a regra é clara!) Mas não consegui ficar até o final para ver tudo não. O outro dia seria longo e eu já tinha visto Helvéticos na quinta, junto do excelente show do Nevilton, que rolou no Ooby Dooby.
Enfim, mais um Ilhota Rock Festival se passou. O negócio é tomar o festival local como exemplo de organização e também de atitude (muitas cidades grandes, como já falei, não fazem nenhum tipo de festival assim). Claro que o Ilhota tem que ter ainda ajustes, ele não é perfeito, mas é um belo começo. Para o próximo ano, digo pro Dialison, que nem precisa mais buscar banda em Curitiba ou Porto Alegre, só se for mesmo alguém fodão, ai vale, se não meu amigo, SC é o lugar.
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